Meu presente de aniversário


Depois de tantos aniversários a gente acaba se acostumando com a data. Ou, depois de alguns (tantos?) aniversários, a gente acaba se acostumando. Alguns é suficiente para alguém se acostumar? Enfim, o fato é que a gente se acostuma e ponto.

Seja porque já se sabe quem vai nos dar o que, ou quem não vai nos dar. Seja por que é sempre no mesmo dia e época e as pessoas se comportam mais ou menos sempre da mesma forma. Mas eu não me acostumei. Não a deixar passar em branco. O meu aniversário é o meu dia, só meu. Sob medida. E para mim é sempre frio, chuvoso, com uma cara nostálgica e meio trágica. Como se o céu se desmanchasse de emoção a cada ano, me brindando com gotas de um cristal gelado e puro. Sim, eu vejo beleza nos dias cinzentos e intermináveis. Especialmente quando é aquela data que foi reservada para mim no calendário, no tempo. E eu ainda choro, fico sensível. Não espero presentes. Aguardo ansiosamente que apenas lembrem de mim.
Fui contemplada com um dia inteiro. Naquele ano, era um sábado. Nasci na madrugada fria de um julho distante. Quando tudo era tão diferente e, parecia, mais difícil. Quanta coisa dá para fazer em vinte e quatro horas? É impossível mensurar.

Por isso, quero algo diferente neste aniversário, quando novamente será um sábado. Quero renascer melhor, começar um novo ciclo.

Comentários

Cumadia disse…
Vai ser diferente, sim: vamos passar o dia juntas, comendo pipocas, vendo os desenhos das crianças e lembrando do tempo em que ÉRAMOS crianças!! Bj