Fragmentos perdidos



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Tenho saudades dos meus. Daqueles que se foram antes que eu me entendesse por gente e nem pudesse sentir sua falta. Queria conhecê-los, saber quem foram, o que faziam, como viviam, como chegaram até ali. Gosto de conhecer pessoas, observar seu jeito de falar, sorrir, viver. Alguns dos meus já partiram. Eu queria conhecer estas histórias, a história de onde deriva a minha história. Às vezes me pego pensando em como sou diferente deles. Mas como diferente se nem os conheci? Apenas sabia seus nomes. E muitos tiveram o nome adulterado pelos desvios da dificuldade, pelos caminhos da ignorância das coisas da lei, pelo curso da vida, que nem sempre é linear. Como é difícil montar uma árvore genealógica mental quando não se consegue ir além da geração anterior. Como é necessário saber de onde se vem, quem nos precedeu. Como eu poderia entender melhor os meus próximos, os que hoje vivem comigo. Preciso tê-los, preciso sabê-los. Não quero me dar conta, depois que eles se forem, que eu também não os tive, que foram estranhos para mim. Quero continuar tentando entender seus motivos, suas falhas, minhas falhas. Quero continuar escrevendo esta história com todos os personagens. Não quero que meus filhos sejam reféns, como sou, de lembranças antigas e de rostos que não dizem nada, apenas remetem a um tempo perdido...

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